quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O papel do âncora



O apresentador de um telejornal não é nem deverá ser artista e muito menos notícia. Ele deve apenas trabalhar com ela e transmití-la da melhor maneira ao seu telespectador. De qualquer maneira, ele acaba sendo uma figura familiar e conhecida de todos, e é exatamente por isso que sua postura deve ser a mais ética possível, tanto dentro como fora da televisão. Qualquer atitude que cause estranhamento pode ser comentada e acabar em demissão.

Além da postura, é essencial para um bom apresentador acompanhar a evolução das notícias durante todo o dia, estando dentro ou fora da redação. É essa participação ativa que faz com que, em muitos casos, ele seja também o editor-chefe do telejornal. Após estruturado o telejornal, ler o script e acompanhá-lo durante o programa garante que, ao acontecer alguma eventual falha no teleprompter, o apresentador saiba conduzir o programa de forma natural e sem maiores erros.

Todo apresentador de telejornal, bem como os repórteres, devem sempre que possível obter o máximo de informações sobre os mais diversos assuntos. Estar bem informado é fundamental para adquirir credibilidade e conquistar a confiança tanto do público como de um possível entrevistado. Um bom relacionamento com o produtor e a equipe técnica do estúdio também é um fator favorável para determinar a qualidade de um bom telejornal. "Jornalismo só se faz em equipe." (BARBEIRO, pág. 81)

Nas palavras de Boris Casoy, "não há nenhum segredo em ser âncora. Basta procurar seguir rigidamente os padrões do bom jornalismo. Há também uma questão de encontro: o âncora é o diretor do jornal e ao mesmo tempo o apresentador: daí a necessidade do convívio, na mesma pessoa, do diretor com o apresentador."

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O poder da mídia sensacionalista

O filme "O quarto poder" relata muito bem o quanto os jornalistas tem que fazer as escolhas certas sem ter muito tempo para pensar. O repórter Max claramente não o fez. Pensou mais em se promover, transformando a situação em um verdadeiro circo. Como o filme mostra, ele já não tinha um bom "histórico" na emissora e já era tachado de sensacionalistaspelo antigos colegas da rede.
Embora acho que muitas pessoas não vão concordar, na minha opinião se Sam (personagem de John Travolta) tivesse feito tudo que o repórter recomendou, as coisas teriam sido diferentes para ele. Não estou afirmando de forma nenhuma que foi certa a atitude do repórter, porque afinal, foi ele quem criou toda a situação, já que o "sequestrador" não tinha ideia do que estava fazendo e do impacto de suas atitudes sobre aquelas pessoas que o estavam assistindo. E infelizmente, por ter criado e ter conduzido a situação, Max Brecket se envolveu demais na história, e começou a mostrar apenas os pontos bons de Sam, para criar uma boa imagem dele. Enquanto Kevin, seu antigo colega, planejava destruir a boa imagem que Max havia passado. Para mim, os dois estavam errados. Como nós sabemos, precisamos mostrar os dois lados da história, sem exceções. Embora existam muitos casos em que na vida real a mídia expõe claramente apenas um lado.
O que mais me chamou atenção a respeito do sensacionalismo, foi quando o repórter repreendeu sua assistente por ter ajudado o segurança que foi baleado sem gravar a cena. Porém, no final, quando ela tentou entrevistá-lo após a explosão do museu, afirmando que a história havia ficado maior com a morte de Sam, ele compreendeu a dimensão do que ele próprio havia criado. Talvez, se ele não estivesse lá, quando tudo começou, esse não seria o fim da história. E principalmente, porque ele percebeu que Sam, era uma pessoa comum que se descontrolou e fez coisas que normalmente não faria. Ou talvez, ele tenha conseguido me convencer disso, como queria fazer com o público.

O nosso papel

Qual o nosso papel como jornalistas? Pois bem, confesso que esta é a pergunta mais frequente que me faço, desde que optei por essa profissão. Muitos escolhem uma profissão se baseando apenas no que ela pode proporcionar. Não pensamos no que vamos proporcionar às pessoas. Acabo de assistir o filme " O quarto poder", lhes digo que estou com um nó em minha garganta, a palavra que pode definir a sensação que tenho, após assistir o filme, é decepção. Não com o filme, pois ele é excelente, mas com a história, e não por não ter gostado do roteiro, mas sim por ter consciencia de que histórias como a que o filme retrata, existem. Fico pensando, que tipo de jornalistas vamos nos tornar? Vamos lembrar de nossa ética profissional, toda vez que nos deparamos com histórias que podem gerar audiência? Seremos estimulados pela verdade, pela ética profissional, ou pelo poder, pelo status proporcionado pela dor dos personagens das tantas histórias que vamos ter pela frente? A televisão, tem o poder de sedução, assim como mostra o filme. Ela influência quem está do outro lado, molda a opinião das pessoas. Como sempre a um lado positivo, e outro negativo, está em nossas mãos, fazer com que a verdade seja mostrada. A vida das pessoas, não é como uma história em quadrinho. Não podemos decidir qual será a continuação de cada quadrinho. No filme, Sam foi um fantoche, a vida do personagem foi manipulada, para que nós, que também somos telespectadores, fossemos persuadidos. Como estudante, e futura jornalista, encaro a história do filme da seguinte forma: certamente, durante nossa carreira, vamos ter que fazer escolhas, e CERTAMENTE, vamos, em algum momento, passar por algo parecido a o que acontece no filme. Vamos ter que escolher, em optar pela 'fama' ou pela 'dignidade'. Pode parecer um pouco exagerado, mas eu espero, que se isso algum dia acontecer, se tivermos que escolher entre 'nos beneficiarmos' e 'beneficiar', que sem a menor dúvida, escolhemos o beneficiar. Somos formadores de opinião, temos esta responsabilidade, e não me refiro somente a televisão, mas isso serve para todas as áreas do jornalismo. Mesmo com o sentimento de decepção causado pela história do filme, um sentimento maior toma conta: o de "fazer a diferença", ou seja, além de jornalistas, sermos mais humanos.

Olhos fechados para a América Latina!

Há muito se sabe que a Globo é uma das mais hegemônicas e influentes redes de televisão do país, desde o seu início até os dias de hoje. E dentro da sua conduta de levar ao seu público a verdade, a imparcialidade e a factualidade, foi-se instalando ao longo do tempo diversas afiliadas por todo o Brasil, com o intuito de aproximar uma região da outra. Sentindo a necessidade de informar ao seu telespectador também o acontece fora do país com mais rapidez e credibilidade, foram implantados alguns escritórios para abrigar os seus correspondetes internacionais em diversos lugares do mundo, como: Nova York, Londres, Paris, Washington, Roma e até mesmo Jerusalém.

Até aqui, tudo certo. Porém, se pararmos para refletir, veremos que não existe nenhum, eu repito, NENHUM correspondente internacional afixado nos países da América Latina. (Para não ser injusta, lembro que foi sim criado um escritório em Buenos Aires, mas que havia um único repórter em exercício que fazia as imagens, o texto, editava e mandava as matérias pela internet de seu próprio apartamento.) E aí nos questionamos, por quê dar as costas aos países vizinhos? Será que eles só servem como mecanismo de compra e venda de telenovelas?

É exatamente sobre isso que se trata o artigo "América Latina: um território pouco explorado e ameaçador para a TV Globo", de Edgard Rebouças e que pode ser encontrado no livro "Rede Globo - 40 anos de poder e hegemonia". Segundo o autor, o capítulo tem a pretensão de lançar um olhar sobre a não-hegemonia da Globo. "Ao menos em uma área: essa complexa, desconhecida e culturamente rica América Latina não foi dominada pelos senhores do Jardim Botânico, pois nem sequer tentaram".

Por quanto tempo ainda essa situação será mantida?
Se a Rede Globo continuar com sua conduta de "vista grossa" em releção aos nossos vizinhos, corre o risco de perder espaço e audiência para eles, que se fortalecerão com parceriais de outras corporações transnacionais.
É a sua hegemonia e os seus 40 anos de poder que vão por água abaixo!

Tudo que um jornalista não deve ser

O filme, 'Quarto Poder', trata de um incidente ocorrido dentro de um museu: um acidente provocado por um segurança que tentava pedir seu emprego de volta, torna-se um circo, comandado por um repórter e transmitido pela mídia. O ponto que me chama atenção no filme, na verdade é a falta de caráter, de humanismo, do personagem interpretatado por Dustin Hoffman (o repórter), mas também aceito e propagado por todos. Levo em conta que, obviamente, por influência do repórter é que todos se voltam contra o personagem de John Travolta, o segurança.

Não é a toa que a mídia é chamada de quarto poder, pois é de conhecimento geral sua influência sobre a opinião pública, e como vemos no filme, até sobre o rumo da vida das pessoas, e dos fatos com o qual se envolve.

Mas o que me causa revolta mesmo, é esse lado obscuro, muito bem exposto através da conduta do repórter do filme em questão, que todo o ser humano possui, consciente ou não, a favor ou contra sua vontade. Esse lado "obscuro", é o que leva as pesoas a cometerm atrocidades, toda a variedade de crimes, e atitudes em variados níveis de desumanidade.
Crimes esses, que nós jornalistas divulgamos, cobrimos, e deixamos a sociedade à par. Por tanto, o que quero dizer, é que nossa figura tem a chance de fazer alguma coisa à respeito de tudo isso que é errado, e acho que é nosso dever tentar fazer, mas claro que, sempre respeitando nosso código de ética.

A postura, o comportamento, e as atitudes tomadas pelo repórter do filme, são um ultraje, uma demasiada vergonha, posto que ele ele demonstra pelo menos, tudo que um jornalista não deve fazer.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

TV e poder

“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. O refrão usado durante anos por simpatizantes do Partido dos Trabalhadores deixou de ser usado na noite de 27 de outubro de 2002. E o motivo não foi a vitória nas urnas. Logo após o resultado, o novo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já concedia uma entrevista exclusiva ao programa Fantástico.  No dia seguinte, Lula permaneceu 75 minutos na bancada do Jornal Nacional, e o programa foi dedicado à história de um vencedor. No dia da posse do novo governante, o telejornal mais assistido do Brasil exibiu um programa especial, com muitas trilhas e imagens emocionantes do novo heroi brasileiro. A mesma emissora que sempre o tratou como “sapo barbudo”, de uma hora para outra, passou a reverenciá-lo.





Em TV e poder: as relações sombrias que ajudam a fazer a história do Brasil, Flávio Porcello relembra a eleição presidencial de 2002. O autor nos mostra que o vínculo da mídia com a política vem desde as concessões e vai até as campanhas tendenciosas na programação. Mas a mudança brusca de opinião durante as eleições não fica restrita a nenhuma emissora. Os artistas do SBT participaram massivamente da campanha de José Serra, e após sua derrota, Lula tornou-se a salvação da pátria.
O jornalismo prima pela objetividade e imparcialidade. Porém, qualquer notícia veiculada possui a ótica de alguém, seja do repórter, editor, cinegrafista. Porcello teve como objetivo levantar questionamentos, para que deixemos de ser telespectadores passivos e conformados. Devemos aguçar nossa consciência crítica, para obter a capacidade de nos indignar diante do jornalismo oportunista.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Povo:
Este é o livro que o Demétrio está lançando na Feira do Livro deste sábado em Porto Alegre. Ao contrário das edições anteriores, desta vez sou apenas autora e não organizadora. A organização é dele (Demétrio) e do Fernando Firmino, professor da Universidade Federal da Bahia.
O livro reúne vários textos sobre as mutações pelas quais o jornalismo contemporâneo está passando. E meu artigo, especificamente, trata das transformações operadas no jornalismo de televisão. Chama-se "Do analógico ao digital: notas sobre o telejornal em transição".
Embora, como de praxe, vá fazer aquele sorteio amigo de um exemplar uma hora dessas na sala de aula, recomendo que vocês que querem saber o que está sendo dito sobre o jornalismo do século XXI, comprem seu exemplar.

TV: a fascinação do público

“A Televisão dá prioridade ao componente visual, de maneira a causar fascinação ao público”p.155. É assim que se defini a importância da imagem à TV, no capítulo: Edição em TV: como contar bem uma história, do livro Edição em Jornalismo, Ensino, Teoria e Prática. Segundo autor, na TV, o telespectador aumenta sua credibilidade através das informações contidas na imagem e por informações trazidas pela palavra. Isso quer dizer, é a soma da imagem com a palavra que faz com que alguém diga: “Se apareceu na TV, então é porque aconteceu”.

O capítulo busca aproximar a teoria da prática, e realizar reflexões sobre a rotina na televisão. Editar em TV, por exemplo, é agir, decidir e escolher, escolher o certo, optar pelo melhor recorte. Tendo em vista que o jornalista deve exigir honestidade, sabendo que o papel social do jornalismo é exercer o espírito crítico e fiscalizar o Poder. Como valor da imagem na TV, o autor cita como exemplo, as campanhas políticas que realizam os comícios em palanque nas praças públicas para permitir a gravação de imagens e sons. São recursos audiovisuais estrategicamente orientados pelo profissional de Marketing. Tudo escolhido cuidadosamente para ajudar a construir a imagem do candidato.

É através do jornalismo que as pessoas podem tomar contato com o que acontece no mundo e ou no seu bairro. O desafio de todo jornalista é transformar um fato em notícia. Na TV, para causar a fascinação do público há uma série de passos importantes a serem percorridos. A televisão não é mera observadora dos fatos, existe um olhar do cinegrafista, pois a reportagem é uma história, e assim o jornalista faz escolhas, optando ou não por determinadas cenas, por um trecho ou entrevistado. A linguagem é um sistema funcional que serve para realizar a comunicação de uma mensagem, na televisão, os recursos audiovisuais são usados para transmitir essa mensagem.

A escolha pela cor, por exemplo, é elemento importante na transmissão da mensagem: Cores fortes: vermelho, laranja e amarelo ouro, que mesmo em pequenas dimensões na roupa de um apresentador aparece de forma pronunciada, o que pode desviar a atenção do telespectador.
Já as roupas brancas ou claras não são recomendáveis, pois escurecem o rosto de quem está vestindo-as. Tecidos brilhantes brilham no vídeo e provocam reflexos na imagem. As roupas pretas, cinza grafite ou azul marinho dão aspecto sóbrio aos apresentadores de TV. E as listras, faixas e quadriculados ou estampas podem causar oscilações na imagem, que parecem estar em movimento, também desviando a atenção. No estúdio, outro cuidado é com jóias grandes e elementos de cor brilhantes, pois podem causar reflexos das luzes.

Outro elemento á seguir na TV é a linguagem, que para o autor, dividi-se em encrático e acrático. O primeiro é o discurso que se relaciona com o Poder, mas não de forma direta ou imediata, se tornando repetitivo, factual que legitima a dominação. O discurso acrático é o anti-hegemônio, desligado ou contra o Poder. Estas linguagens podem singularizar que determinada Mídia ocupa em relação ao Poder. “Na verdade a edição resume-se em escolha, olhares, decisões a todo o momento,” p.161. A edição na TV é o recorte necessário para que a notícia seja transmitida e, principalmente, compreendida pelo público. E os gêneros jornalísticos dividem-se em informativo: é a expressão de um fato novo (a notícia) e o gênero opinativo, que omite o juízo de valor.

Não há uma regra fixa em relação ao modelo de telejornalismo, porém a TV brasileira baseia-se no modelo norte-americano. Isso quer dizer, uma matéria com 1m30seg. de duração, maior ou menor de acordo com importância do assunto. Normalmente constituída de off, passagem ou boletim do repórter e as sonoras com as falas dos entrevistados. “Em síntese: uma matéria jornalística em TV é uma história contada em pouco mais de um minuto. E o telejornal é a sucessão de todas essas histórias”, p.163.

Se tratando da edição, principal tema do artigo, é definido como a maneira de montar a história que o repórter vai contar em sua matéria. O editor recebe o material do repórter e analisa, ouvindo e olhando tudo o que está gravado, assinalando os pontos mais importantes. Depois dessa decupagem do editor, inicia a edição em si. Grava-se o som e depois cobra-se o que está sendo dito em imagens. A TV com seu caráter ágil e instantâneo, informa ou conta a história enquanto ela ainda está acontecendo, por este motivo, é normal a escassez de tempo para o fechamento do material. Por isso, os profissionais de TV devem agir rápido, decidir a todo o momento e não perder tempo com dúvidas ou hesitações.

Uma boa dica é o entendimento que deve existir entre os profissionais. O repórter e o editor, para que o telespectador não seja prejudicado depois com uma matéria incompleta ou mal editada for ao ar. Já o repórter e o cinegrafista também devem ter um bom entendimento e organização do trabalho. É função da TV decifrar os jargões e passar tudo para a linguagem de massa, que possa ser entendida por todos telespectadores, isso é o que está exposto no manual de telejornalismo da SBT, que se assemelha ao da GLOBO, quando se trata de audiência. Neste processo, há a responsabilidade de fazer boas escolhas, não esquecendo que sempre o interesse público está em primeiro lugar.
Por fim, a TV e o telejornal promovem como mediadores a construção da realidade nacional, ofertando uma experiência coletiva singular e cotidiana que podem gerar múltiplas representações do Brasil e de suas identidades, (Becker, 2005, p. 09), apud p.164.
Veja este texto também: www.patypjornalista.blogspot.com


Resumo do Artigo Edição em TV: Como Contar bem uma História
De: Flávio Porcello
Em: Edição em Jornalismo: Ensino, teoria e prática – Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.
De: Ângela Felippi, Demétrio de Azaredo Soster, Fabiana Piccinin e outros.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dúvidas quanto ao "Quarto Poder"

É engraçado quando, muitas vezes, me pergunto se existe realmente esse tal de “quarto poder”. Seu conceito é muito simples: seria o poder que a mídia (ou mais especificamente, o jornalismo) exerce sobre a opinião pública. No filme, O Quarto Poder, já percebemos a ideia transmitida no título. Mas ao analisarmos melhor a questão, podemos notar que o título original em nada tem a ver com o conceito. Originalmente chamada de Mad City, a obra traduzida cria a sensação da existência dessa influência, mesmo sem nos darmos conta logo de cara.


Entretanto, O Quarto Poder é o retrato de um lado B do jornalismo (que parece, cada vez mais, ser o lado A): o sensacionalismo. Diante disso surgem outros questionamentos. Manipular opinião pública é jornalismo? De acordo com os ensinamentos transmitidos na universidade, não. Acredito que as ideias de objetividade, isenção e imparcialidade devem ser mantidas, mesmo que saibamos ser impossível alcançar a imparcialidade. Mas acima disso, é uma questão de manter o respeito com meu leitor, ouvinte ou telespectador. Jornalismo é dar a informação para que quem a recebe crie os juízos de valor. Então, no momento em que manipulo a informação e o modo como meu público irá recebê-la, estou praticando um anti-jornalismo.


Parece divagação, mas a conclusão a que chego é: o conceito de quarto poder é falho à medida em que credita sua existência ao jornalismo, sendo que, na verdade, sua origem vem justamente da prática contrária. Poderia defender meu ponto de vista por páginas e páginas, mas não julgo necessário no momento. Minha intenção foi apenas lançar uma dúvida sobre a questão. A verdade é que, o mundo de verdades absolutas que envolvem o jornalismo é imenso e perigoso. Talvez seja por essas “verdades” que o diploma tenha perdido seu valor, e talvez seja por isso que questões tão sérias e discutíveis como essa do quarto poder acabem simplesmente banalizadas.