“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. O refrão usado durante anos por simpatizantes do Partido dos Trabalhadores deixou de ser usado na noite de 27 de outubro de 2002. E o motivo não foi a vitória nas urnas. Logo após o resultado, o novo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, já concedia uma entrevista exclusiva ao programa Fantástico. No dia seguinte, Lula permaneceu 75 minutos na bancada do Jornal Nacional, e o programa foi dedicado à história de um vencedor. No dia da posse do novo governante, o telejornal mais assistido do Brasil exibiu um programa especial, com muitas trilhas e imagens emocionantes do novo heroi brasileiro. A mesma emissora que sempre o tratou como “sapo barbudo”, de uma hora para outra, passou a reverenciá-lo.
Em TV e poder: as relações sombrias que ajudam a fazer a história do Brasil, Flávio Porcello relembra a eleição presidencial de 2002. O autor nos mostra que o vínculo da mídia com a política vem desde as concessões e vai até as campanhas tendenciosas na programação. Mas a mudança brusca de opinião durante as eleições não fica restrita a nenhuma emissora. Os artistas do SBT participaram massivamente da campanha de José Serra, e após sua derrota, Lula tornou-se a salvação da pátria.
O jornalismo prima pela objetividade e imparcialidade. Porém, qualquer notícia veiculada possui a ótica de alguém, seja do repórter, editor, cinegrafista. Porcello teve como objetivo levantar questionamentos, para que deixemos de ser telespectadores passivos e conformados. Devemos aguçar nossa consciência crítica, para obter a capacidade de nos indignar diante do jornalismo oportunista.
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