No dia-a-dia de reportagens e passagens (o que inclui roupas, cabelo e maquiagem), passei a notar que a forma que “devemos” nos arrumar não é aquela que estamos habituadas, portanto não nos achamos bonitas.
Nós mulheres, principalmente as vaidosas, gostamos (e devemos) nos vestir e produzir de forma à ressaltar aquilo que temos de melhor, da mesma forma, procuramos esconder aquelas coisas que não gostamos, é o caso de uma mulher que considere sua testa grande e use franja, outra que tenha olhos claros e use lápis forte para destacar o olhar ou ainda, outra que tenha um simples gosto por estampas coloridas ou listras finas.
Acontece que tudo (ou grande parte) do que aprendemos ao longo de nossos anos de existência é apagado por livre e espontânea pressão quando nos portamos frente à uma câmera. Quando eu vi que a Letícia não gostava da franja para trás, sem pensar, a frase que disse à ela foi a seguinte: “sabe tudo o que tu gosta de usar pra ti produzir? Esquece aqui”. Ok, pode ter sido meio radical, mas alcançou o efeito desejado – não focar no visual e, sim nos textos.
E percebi que sim, é esta a proposta quando usamos uma camisa clarinha com um blazer bege, quando passamos uma sombra marrom (sem lápis preto, por favor), quando colocamos o cabelo para trás e não mostramos os cachinhos bonitos que as pontas do cabelo fazem. E pasmem, também podemos ficar bonitas, mesmo que possamos achar tudo isso “meio sem sal”.
Digo isso, pois é usando roupas e maquiagens neutras que passamos a perceber certas coisas em nós mesmas que talvez nunca teríamos notado simplesmente por estarmos habituadas a mascarar aquilo que as pessoas julgam feio. É neste exercício que passamos a nos olhar com outros olhos (do tipo, “sim, eu posso sair sem lápis no olho” ou “posso ficar sem o gloss diário”) - daí a possibilidade de conseguirmos ficar bonitas também, ainda que de outro jeito.
Fátima Bernardes poderosa para a revista Cláudia.
E aqui, na versão jornalista e ainda elegante (embora eu não tenha gostado desta combinação - prontofalei)
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